HISTÓRIA
Em 1993, enquanto Portugal - chefiado por Mário Soares e com Cavaco Silva como primeiro-ministro -, assiste aos primeiros passos do Tratado da União Europeia (Tratado de Maastricht) e cria os alicerces para a Expo 98, Luís Portela, presidente da BIAL, líder da indústria farmacêutica portuguesa, começava a “esculpir” a Fundação BIAL. Era uma forma de partilhar com a sociedade as mais-valias conquistadas pela empresa. O objetivo, esse, teria que passar por apoiar a investigação em Saúde, área de atividade da BIAL, onde a inovação era uma das linhas estratégicas de desenvolvimento.
Com esse propósito em mente, Luís Portela desafiou o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas para, em conjunto com a BIAL, constituírem e administrarem uma instituição independente, sem fins lucrativos, tendo em vista promover o desenvolvimento científico.
Prof. Nuno Grande e Dr. Luís Portela
A Fundação BIAL veio a ser constituída em 1994, numa altura em que a investigação científica começava em Portugal a dar os primeiros passos de um maior desenvolvimento, e em que o número de escolas de Medicina era significativamente menor do que aquele que se verifica nos dias de hoje. A Fundação BIAL foi a primeira instituição mecenática portuguesa, resultante da iniciativa privada, virada para as ciências médicas.
Foi também nesta altura que emergiram dois nomes importantes que viriam a ser cruciais no desenvolvimento da instituição e que, juntamente com Luís Portela, integraram a primeira administração da Fundação. O Prof. Nuno Grande, médico, representante do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, foi encarregue de organizar a área técnico-científica, e o Prof. Manuel Baganha, economista reputado na área da contabilidade de custos e amigo de Luís Portela, já com forte ligação à BIAL, envolveu-se na organização da área administrativa e financeira.
Nuno Grande propôs então como áreas de atuação da Fundação as Ciências Médicas, a Psicofisiologia e a Parapsicologia. Os apoios que a Fundação começa a patrocinar recaem precisamente sobre estas duas últimas. A Psicofisiologia, por estar intrinsecamente ligada a Luís Portela, que tinha lecionado essa matéria na Universidade, e a Parapsicologia, porque segundo Nuno Grande todos sabiam que era uma área de interesse do presidente dos Laboratórios BIAL.
A cerimónia de constituição da Fundação teve lugar no Círculo Universitário do Porto, e contou com a presença do Presidente da República, Mário Soares, e do Ministro da Saúde do XII Governo Constitucional, Paulo Mendo.
A Fundação BIAL assumiu então a gestão do Prémio BIAL de Medicina Clínica, criado em 1984, e criou concursos de Bolsas de Investigação Científica, atualmente designados de Apoios a Projetos de Investigação Científica. A partir de 1996, começou a organizar os Simpósios “Aquém e Além do Cérebro”, evento que reúne, bianualmente, a elite científica internacional na área das Neurociências e da Parapsicologia.
O primeiro Conselho de Administração da Fundação, para o período 1994-1997, era composto por:
Já o Conselho Científico (hoje composto por 58 professores de 15 países) era constituído por:
Órgãos Sociais atuais:
Conselho de Administração:
Luís Portela - Presidente, Daniel Bessa, Nuno Sousa, Miguel Portela, Patrícia Teixeira Lopes.
Conselho Fiscal:
Júlio Pedrosa de Jesus - Presidente, Nuno Amado, Ernst & Young Audit &
Associados - SROC, S.A., representado por João Carlos Miguel Alves.
Conselho Científico:
António Damásio - Presidente, Osborne Almeida, Mario Beauregard, Fabrizio Benedetti, Aviva Berkovich-Ohana, Dick Bierman, Olaf Blanke, Jason Braithwaite, Etzel Cardeña, Maria do Carmo Fonseca, James Carpenter, Miguel Castelo‑Branco, Alexandre Castro-Caldas, Axel Cleeremans, Rui Costa, Hugo Critchley, John Cryan, Rodrigo Cunha, Hanna Damásio, Ronald de Kloet, Martin Dresler, Michael Fanselow, Peter Fenwick, Sarah Garfinkel, Rainer Goebel, Bruce Greyson, Nouchine Hadjikhani, Sheena Josselyn, Hasse Karlsson, Morten Kringelbach, Stephen LaBerge, Antoine Lutz, Julia Mossbridge, Rui Mota Cardoso, Craig Murray, Catarina Resende Oliveira, Joana Palha, Stuart Quan, Dean Radin, Amir Raz, João Relvas, Sidarta Ribeiro, Giuseppe Riva, Christopher A. Roe, Florian Röhrbein, Stefan Schmidt, Gary Schwartz, Andrea Serino, Mário Simões, Peter St. George-Hyslop, Robert Stickgold, Jessica Utts, Eus Van Someren, Rufin VanRullen, Caroline Watt, Menno Witter, Robin Wooffitt, Joseph Zihl.
Mas nem tudo foram facilidades no percurso da Fundação. Em 2003, muito por força da conjuntura económica, o Ministério da Saúde aplica medidas restritivas na área do medicamento muito gravosas para algumas empresas farmacêuticas. A BIAL, que sempre apostou na investigação e desenvolvimento, onde investe mais de 20% do seu volume de negócios, é também atingida. Pese embora essa contrariedade, a BIAL mantém o apoio à instituição. Luís Portela sublinha que “nos cabe assumir profissionalmente a gestão das dificuldades que nos foram criadas, mantendo as nossas obrigações sociais”.
Para dar a conhecer de uma forma útil o trabalho que vem desenvolvendo junto da comunidade científica ao longo dos anos, por ocasião do seu 20º aniversário, a Fundação BIAL procedeu à criação de um Centro de Documentação e de uma Base de Dados online.
O Centro de Documentação integra as referências e, em alguns casos, os próprios livros editados pela Fundação relativos às várias edições do Prémio BIAL, aos Simpósios “Aquém e Além do Cérebro” e aos Apoios Financeiros à Investigação Científica.
Já a Base de Dados assume-se como um importante recurso para a comunidade científica e o público em geral, incluindo todas as publicações resultantes dos projetos nas áreas da Psicofisiologia e da Parapsicologia, apoiados pela Fundação desde 1994 até aos dias de hoje.