PESSOAS QUE MARCARAM
A FUNDAÇÃO
Nuno Grande, médico, investigador e professor. Fundador, juntamente com Corino de Andrade, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), Nuno Grande foi diretor do departamento de Anatomia deste Instituto, a que presidiu de 1981 a 1983 e de 1985 a 1987. Foi também Pró-Reitor da Universidade do Porto e membro do Painel de Conselheiros do Comité Científico da Nato.
“São muito poucas as pessoas a quem tenho classificado ao longo da vida de meus Mestres. Mas, indubitavelmente, o Senhor Professor é para mim, pela sua força interior, pela sua integridade, pela forma positiva e construtiva como sabe estar na vida, pela sua capacidade de realizar e, sobretudo, pela sua capacidade de amar, um Mestre”, as palavras são de Luís Portela, presidente da Fundação BIAL, e foram proferidas durante uma homenagem a Nuno Grande, e são bem demonstrativas do apreço do fundador da Fundação pelo Professor.
A ligação entre ambos é bem anterior à Constituição da Fundação BIAL, de que Nuno Grande viria a ser um dos três primeiros administradores.
Segundo rezam as crónicas, Nuno Grande terá convidado Luís Portela, na altura, com 27 anos, para fazer parte do corpo docente do, então incipiente, Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Mas Luís Portela viu-se “obrigado” a recusar o convite, optando por deixar a carreira clínica e académica para se dedicar à BIAL, de que tinha herdado do seu pai uma quota.
Anos mais tarde, já com o Prémio BIAL criado, Nuno Grande foi aparecendo invariavelmente no Júri do Prémio, como representante do Conselho Científico do ICBAS.
Luís Portela e Nuno Grande começaram, então, a partilhar ideias em torno de possíveis melhorias do Prémio BIAL e da postura mecenática de características científicas da BIAL. Nuno Grande esteve assim ligado à génese da constituição da Fundação, onde exerceu o cargo de administrador em representação do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas.
Nuno Grande esteve ligado à Fundação por mais de 20 anos, tendo abandonado os corpos sociais da mesma aos 75 anos, por força dos estatutos que o próprio ajudou a redigir.
Para Luís Portela, Nuno Grande era uma “força da natureza”. E por altura da homenagem que lhe foi prestada ainda em vida, por ocasião do 7º Simpósio “Aquém e Além do Cérebro”, em 2008, afirmava:
“O seu coração é, de facto, maior que o seu nome de família. Grande médico, grande professor, grande cidadão, grande chefe de família, grande amigo, mas, sobretudo, grande coração”.
Nuno Grande faleceu em outubro de 2012, com 80 anos.
Dez anos depois, em 2022, é criada a Bolsa de Doutoramento Nuno Grande, uma iniciativa da família de Nuno Grande, representada por Maria Cristina Leite Rodrigues Grande, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e da Fundação BIAL, em homenagem ao prestigiado médico, investigador e professor.
Manuel Duarte Baganha, economista e professor. Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia do Porto (FEP), fez parte da Comissão de Restruturação da Licenciatura em Economia (1977-1978). Em 1985 assumiu o cargo de Presidente do Conselho Diretivo daquela instituição até 1993, data em que se jubila.
A ligação de Manuel Baganha à Fundação BIAL é anterior à criação da própria Fundação. Por vicissitudes da vida, Luís Portela, jovem licenciado em Medicina ficou presidente da empresa BIAL aos 27 anos, em 1979. Sem conhecimentos de economia e de gestão, Luís Portela, que conheceu Manuel Baganha através de um amigo comum, solicitou-lhe apoio, tendo-se o professor disponibilizado para lhe dar aulas práticas de gestão, o que aconteceu durante cerca de quatro anos. Paralelamente, Manuel Baganha comprometeu-se a assessorar a gestão da BIAL, o que fez desde 1979 a 1985.
É assim que, quando em 1993, Luís Portela dava os primeiros passos para idealizar aquela que viria a ser a Fundação BIAL, convidou Manuel Baganha para a instituição. No primeiro Conselho de Administração da Fundação, coube ao economista o papel de definir a área administrativa e financeira.
Manuel Baganha foi administrador até aos 75 anos, idade máxima permitida pelos estatutos da instituição. Nessa altura, com a “reforma”, Manuel Baganha indica para seu “sucessor” Daniel Bessa, que ainda hoje se mantém como administrador.
Apesar da retirada dos corpos sociais, Manuel Baganha, a quem Luís Portela designou carinhosamente por “Mestre de Vida”, manifestou interesse em continuar a colaborar com a Fundação, o que se verificou até setembro de 2004, data do seu falecimento.
“Manuel Duarte Baganha era a honestidade em pessoa. Homem íntegro, de grande simplicidade e generosidade, era rigoroso e competente em tudo o que fazia. Se fazia algo, não bastava fazê-lo bem, tinha que ser muito bem. Tinha um enorme sentido de responsabilidade, uma inteligência fantástica e uma grande visão estratégica”, como sublinhou o presidente da Fundação BIAL, em outubro de 2015, numa singela homenagem ao Professor.
Robert Morris foi professor, psicólogo e investigador. Foi o primeiro professor de parapsicologia na unidade de Parapsicologia Koestler, da Universidade de Edimburgo, onde lecionou desde dezembro de 1985 até 2004.
Orientador de mais de 25 doutoramentos em parapsicologia, tornou-se um grande divulgador desta disciplina científica, visitando e apoiando os mais diversos centros de parapsicologia, por todo o mundo.
Presidente e representante da Associação de Parapsicologia na Associação Americana para o Avanço da Ciência, Robert Morris foi também presidente da Divisão de Psicologia da Associação Britânica para o Avanço da Ciência.
Um amigo da Fundação BIAL, é desta forma que Luís Portela recorda o cientista. Robert Morris participou no 1º Simpósio “Aquém e Além do Cérebro” como palestrante, tendo mais tarde sido um grande colaborador da instituição.
Luís Portela ficou impressionado com a forma serena, rigorosa e simultaneamente apaixonada como Robert Morris fez a sua intervenção, intitulada “Recent developments in experimental parapsychology” e compreendeu que estava perante “um ser humano de uma dimensão extraordinária”.
A partir de então, Robert Morris participou em todas as restantes comissões organizadoras dos Simpósios da Fundação. Em abril de 1998 tornou-se membro do Conselho Científico.
A sua influência fez-se sentir quer a nível dos pareceres que deu sobre muitos dos projetos concorrentes aos concursos de Apoios Financeiros a Projetos de Investigação Científica da Fundação, quer ao nível dos seus sábios conselhos.
Foi pela mão de Robert Morris que a Fundação foi recebida em Edimburgo, para melhor analisar e desenhar os apoios à Parapsicologia, área que estudou desde 1964 e na qual foi um dos maiores especialistas mundiais.
Robert Morris disponibilizou-se para receber no seu departamento universitário estudantes de doutoramento portugueses, o que veio a acontecer. Teve ainda oportunidade para realizar palestras e aconselhar instituições universitárias portuguesas que demonstrassem algum interesse pela Parapsicologia.
A par desta atividade, Robert Morris foi ele próprio bolseiro da Fundação BIAL, como investigador.
O presidente da Fundação BIAL não hesita em afirmar que Robert Morris “foi efetivamente um muito valioso colaborador da Fundação BIAL, o que sempre fez graciosamente”.
Luís Portela vai mais longe: “No campo pessoal, fizemos todos nós na Fundação um grande amigo. Para mim, o Bob - como rapidamente me habituei a chamar-lhe - tornou-se um dos meus maiores amigos”.
Robert Morris faleceu em agosto de 2004, com 62 anos.
Maria de Sousa, médica, cientista, escritora e professora. Em 1964, após licenciar-se em Medicina, inicia uma carreira na investigação científica que passou por Inglaterra, Escócia e Estados Unidos. Em 1985 regressa a Portugal e foi professora catedrática de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS).
Com grande produção científica, publicou em algumas das mais conceituadas revistas científicas, como a Nature e o Journal of Experimental Medicine.
Com um vasto currículo e amplamente galardoada, a ligação de Maria de Sousa com a Fundação BIAL ocorreu precisamente no momento de ganhar mais um prémio. Estávamos em 1994, a Fundação passa a gerir o Prémio BIAL, na altura, já com dez anos de vida. Maria de Sousa é a grande vencedora. A partir de então a sua ligação à Fundação foi-se intensificando: de galardoada passou a membro do júri do Prémio BIAL, o que repetiu por três vezes, tendo mesmo presidido ao Júri no ano 2000.
“Mulher de grande inteligência, de grande capacidade de trabalho e de grande exigência, assume com grande dedicação, eu diria mesmo com paixão, os projetos em que se envolve”, afirmou Luís Portela.
Juntamente com o ex-ministro José Mariano Gago promoveu na Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT) uma revolução no sistema de avaliação da ciência em Portugal. Um papel que haveria de replicar quando, entre 2010 e 2014, assumiu o cargo de administradora na Fundação BIAL, cuja atividade reorganizou incutindo-lhe um mais elevado nível de exigência e qualidade.
Maria de Sousa terminou a sua ligação aos órgãos sociais da Fundação em 2014, por limite de idade, tendo sido substituída por Nuno Sousa, da Universidade do Minho.
“A Prof. Maria de Sousa será sempre uma das nossas", afirmou Luís Portela.
Maria de Sousa faleceu em abril de 2020, com 80 anos.
Com o objetivo de homenagear a médica e grande investigadora de renome internacional, no mesmo ano de 2020, é criado o Prémio Maria de Sousa, numa parceria exclusiva da Ordem dos Médicos e da Fundação BIAL.
Pode ser visualizado aqui o vídeo que a Fundação BIAL realizou em sua homenagem, por altura da cerimónia de entrega da 1ª edição do Prémio Maria de Sousa.
Médico, investigador e professor. Fernando Lopes da Silva fez todo o seu percurso profissional em Inglaterra e na Holanda, tendo lecionado nas Universidades de Utrecht, Twente e Amesterdão. O neurocientista dedicou-se à investigação dos aspetos biofísicos da atividade elétrica do cérebro e organização funcional das redes neuronais, incluindo a origem de fenómenos epiléticos.
De 1993 a 2000 foi diretor do então recém criado Instituto de Neurobiologia da Universidade de Amesterdão.
Fernando Lopes da Silva marcou o percurso e a história da Fundação BIAL. Apesar de radicado na Holanda desde 1965, Fernando Lopes da Silva manteve sempre uma ligação a Portugal. Já a sua ligação à Fundação BIAL aconteceu através da sua presença em quase todos os Simpósios “Aquém e Além do Cérebro”, tornando-se membro da Comissão Organizadora em 2003 e seu presidente em 2009.
Com mais de 220 artigos publicados em revistas científicas peer-reviewed, nomeadamente no Journal of Neuroscience e na Brain, Fernando Lopes da Silva foi sendo condecorado ao longo do tempo. Entre essas condecorações, cabe destacar a de Grande Oficial da Ordem de Sant’lago de Espada, que lhe foi atribuída em 2000, por ocasião do 3º Simpósio da Fundação BIAL.
A ligação à Fundação não se cinge à participação nos Simpósios. Desde 1997, e até à data da sua morte, em maio de 2019, Fernando Lopes da Silva integrou o Conselho Científico da Fundação BIAL, do qual foi presidente desde 2016, altura em que por vontade própria deixou a presidência da Comissão Organizadora dos Simpósios.
Com a criação do BIAL Award in Biomedicine, em 2018, Fernando Lopes da Silva assumiu a Presidência do Júri.
Um cargo que se manteve, de resto, após a sua morte, em maio de 2019, uma vez que o Conselho de Administração da Fundação BIAL decidiu não substituir Fernando Lopes da Silva enquanto presidente do Júri do BIAL Award in Biomedicine 2019, passando estas funções a serem desempenhadas pela vice-presidente, Maria do Carmo Fonseca.
Considerado por Luís Portela como uma pessoa discreta, “mas muito eficiente, senhor de um enorme sentido de equilíbrio, sempre atento e atuante”, foi “o principal responsável pelo nível de qualidade que estes Simpósios têm tido”.
Por altura da homenagem que lhe foi prestada durante a sessão de abertura do seu 13º Simpósio, em abril de 2022, a Fundação BIAL realizou um vídeo de tributo, que pode ser visualizado aqui.